EVANGELIZAR NO CORAÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS:
"Sou missionário, sou Povo de Deus; sou índio, caboclo mestiço, fazendo da vida a missão. Aqui nesta grande tapera da Igreja Amazônica sou mensageiro de um Deus que é irmão... Somos filhos da Igreja do Norte, missionários desta região. Formamos a comunidade nesta geografia que temos nas mãos. Aprendemos a ouvir a mensagem de um Deus que nos fala na brisa, nas águas, nas flores, no chão... Jesus Cristo nosso guia, anima o nosso caminhar; nos aponta o caminho certo e de braços abertos vem nos ensinar" (Manoel Neris, Manacapuru, Prelazia de Coari-AM)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

VII CONGRESSO DA PASTORAL FAMILIAR EM COARI (AM)


Começa na próxima sexta feira (02.03.2012), às 08:00h da manhã, e vai até o domingo (04.03.2012), o VII Congresso da Pastoral Familiar da Prelazia de Coari (AM), cujo tema é: “A Família: o Trabalho e a Festa” e vai ser realizado em Coari, no Auditório Silvério José Nery. Os trabalhos são encabeçados pela equipe coordenadora da Pastoral Familiar da Prelazia, sub a orientação eclesial do padre Raimundo Carvalho Gordiano, Vigário Geral da prelazia e atual pároco da Paróquia Cristo Libertador em Manacapuru. Vamos contar também com a colaboração do casal coordenador da Pastoral Familiar da CNBB Norte I. Encontro como este acontece a cada dois anos e é de extrema importância para a vida da sociedade e da Igreja. Para o Papa Bento XVI “A Família é a Esperança de Deus”. O beato João Paulo II dizia: “Uma autêntica família, fundada no matrimônio, é em si mesma uma “boa notícia” (um Evangelho) para o mundo”. Rezemos pelas famílias de nossa Prelazia de Coari para que saibam viver ao exemplo da Sagrada Família de Nazaré.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Novo Diácono da Prelazia de Coari (AM)


No dia 25 de fevereiro de 2012, às 19:30h, na Paróquia N. Senhora das Graças, em Codajás (AM), aconteceu a Ordenação Diaconal do Felipe Jorge Fernandes da Costa, originário da Paróquia de Santana em Coari, cujo pais moram atualmente na Paróquia Perpétuo Socorro em Coari. A comitiva de Coari contou, entre os pais e familiares de Felipe, com mais de 130 pessoas, que vieram de barco Santana. Tornaram-se presentes também, entre outras, as paróquias de: Anori, Caapiranga, Manacapuru... A solene liturgia foi presidida pelo bispo da Prelazia de Coari, Dom Marcos Piatek e, concelebrada pelos padres: Raimundo Carvalho Gordiano,  Valdivino Araújo, Francisco Agnaldo Barbosa da Silva, Francisco Aureomar da Silva, Edinaldo Nascimento dos Santos, Antônio Silva França, Raimundo Elson Rodrigues de Lima, Luis Carlos Sales Amorim, Francisco Assis Rodrigues Libório, diácono Adeilson de Souza Vieira. Estava presente também o padre Olindo Furlanetto, reitor do Seminário São José em Manaus, onde se formou o nosso diácono Felipe e um diácono da Arquidiocese de Manaus. A vida religiosa era representada pelas irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, Irmãs Congregação de Jesus e os Missionários Redentoristas. Estavam presentes os seminaristas da Prelazia de Coari que estudam em Manaus e em Tefé. Não puderam vir os seminaristas de nosso seminário Santana em Coari. Agradecemos ao padre Valdivino Araújo e a sua paróquia N. Senhora das Graças em Codajás pela linda acolhida, pela colaboração litúrgica e por uma bonita confraternização. A todo o povo de Deus que estava numeroso ali, naquela abençoada noite, o nosso muito obrigado: Deus lhes pague! Ao nosso novo Diácono Felipe desejamos a fecunda realização de seu ministério diaconal inspirando-se na pessoa de Jesus que veio para servir e não para ser servido (Mc 10, 45), porque como diz o ditado popular: “Quem não vive para servir não serve para viver”! Seria muito bom se o caminho do Diácono Felipe fosse seguido por muitos jovens! Continuemos a rezar porque a Prelazia de Coari precisa de padres...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

NA CATEDRAL DE COARI – O INÍCIO DA QUARESMA E O LANÇAMENTO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2012


No dia 22 de fevereiro de 2012, Quarta Feira de Cinzas, na catedral da Prelazia de Coari, se celebrou a solene abertura da Quaresma e o lançamento da Campanha da Fraternidade 2012 sobre o tema: “Fraternidade e Saúde Pública" e o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra!" (Cf. Eclo, 38,8). A solene celebração eucarística, presidida pelo bispo da Prelazia de Coari, Dom Marcos Piatek, contou com a presença dos padres que trabalham nas três paróquias da cidade, do reitor do seminário Sant’Ana, junto com os seminaristas, dos religiosos/as e, dos numerosos fiéis que superlotaram a catedral. Desejamos a todos uma Santa Quaresma e frutífera Campanha da Fraternidade.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

RETIRÃO DA JUVENTUDE – 2012 – MANACAPURU (AM)


Durante o carnaval 2012 os jovens das paróquias N. S. Nazaré e Cristo Libertador rezam e refletem sobre o tema : “Juventude protagonista, com fé e saúde fazendo missão”, tendo como lema: “Semente da verdade alicerce da igreja”. O retirão se realiza na linda Comunidade Nossa Senhora de Aparecida Cajazeira II (cerca de 02 hs de barco de Manacapuru) e conta com a presença de cerca de 150 jovens. Domingo, 19.02.2012, estava presente na Missa e almoçando com a juventude Dom Marcos, bispo da Prelazia de Coari. Parabéns aos jovens e aos organizadores! Que Deus lhes abençoe abundantemente!

A Paróquia Cristo Libertador, em Manacapuru (AM,) ganhou o novo pároco.


O padre Raimundo Carvalho Gordaino foi empossado, no último domingo dia 19 de Fevereiro de 2012, como pároco em Manacapuru. A solene liturgia da posse começou às 19:30h e foi presidida por Dom Marcos Piatek, bispo da Prelazia de Coari. Além dos numerosos fieis e familiares do padre Gordiano, inclusive da sua mãe, participaram alguns padres da prelazia (Pe. Francisco José e Luis Carlos) e vários missionários redentoristas (Pe. Zenildo, provincial dos redentoristas de Manaus, Pe. Ignácio, Pe. Valter, Pe. Raimundo, Pe. André, Pe. Marcio e Pe. Josenaldo). Após a celebração eucarística houve uma bonita confraternização. Desejamos ao Pe. Raimundo a copiosa benção do Cristo Bom Pastor, a proteção de Maria e de Senhora Santana, a padroeira da nossa prelazia.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A MENSAGEM DO BISPO DA PRELAZIA DE COARI (AM) PARA A QUARESMA E A CAMPANHA DA FRATENIDADE DE 2012


“Assim diz o Senhor Deus, voltai para mim com todo o vosso coração; rasgai o coração, e não as vestes; voltai para o Senhor, vosso Deus; Ele é benigno, compassivo e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar” (Joel 2,12-13). “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5, 20).

Caríssimos Irmãos e Irmãs,

Preparamo-nos para percorrer o caminho da Quaresma que nos conduzirá às solenes celebrações do mistério central da fé: o mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Quaresma é o tempo favorável para o verdadeiro discipulado de Cristo e á busca de uma vivencia autentica das obras penitenciais e ocasião providencial de conversão, ajuda-nos a contemplar o supremo mistério do amor. Deus nos amou tanto que nos deu o seu Filho amado para nos salvar (Jo 3, 16-18) e do amor infinito de Jesus surge o seguimento a Ele: “Se quiseres me seguir tome a sua cruz e siga-me” (MT 8,34). A Quaresma constitui um retorno às raízes da fé, porque meditando sobre o dom da Redenção, não podemos deixar de constatar que tudo nos foi dado por iniciativa amorosa de Deus. Deus amou-nos com infinita misericórdia sem levar em conta a condição de grave ruptura que o pecado causara na pessoa humana.

As práticas principais e clássicas da Quaresma são a esmola, a oração e o jejum. Na palavra esmola está incluído o nosso esforço de ajudar o nosso próximo em suas necessidades. Às vezes precisamos dar um prato de comida, mas outras vezes precisamos ajudar as pessoas que precisam de um ombro amigo, para chorar e desabafar, ou precisam de uma orientação, ou de um simples sorriso. Através da esmola mostramos a Deus que não somos apegados demasiadamente aos bens materiais - “quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas” (Mt 6, 1-4). A oração é um diálogo com Deus, no qual o escutamos e falamos com ele. Deus nos fala principalmente quando lemos a Bíblia, de modo especial os Evangelhos. Há muitas formas de oração: Participar da Santa Missa e dos demais sacramentos, a reza do terço, a oração espontânea, a oração em família ou em grupo. Jesus nos pediu: “Orai sempre e nunca cesseis de o fazer”(Lc 18,1). “Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (Mt 26,41). O ser humano é grande quando fica ajoelhado diante de Deus e O adorando.  Quem reza se salva e quem não reza se condena! O jejum quaresmal nos ajuda a termos o domínio sobre nós mesmos, e não nos deixarmos levar por qualquer desejo da nossa fragilidade humana. Tem gente que facilmente cai no vício e até nas drogas, pois não aprendeu a ter domínio de si. O ser humano precisa comer para viver, e não apenas viver só para comer! O jejum nos ajuda também a entender a dura condição dos pobres, dos doentes e de todos os que não têm possibilidade de comer o suficiente e de ter as condições dignas para a sua existência.

A Quaresma representa para os fiéis à ocasião propicia para uma profunda revisão de vida. No mundo contemporâneo, junto a generosos testemunhos do Evangelho, não faltam batizados que, adotam uma posição de indiferença e, às vezes, também de resistência. São situações nas quais a experiência da oração se vive de maneira bastante superficial, de modo que a palavra de Deus não incide sobre a existência. Muitos consideram insignificante o Sacramento da Penitência e a celebração eucarística do domingo. Precisamos redescobrir a urgência de confrontar-se com a verdade do Evangelho e da Igreja. Devemos dar atenção especial às Confissões. No Evangelho a cura do corpo é sinal da purificação mais profunda, que é remissão dos pecados (Mc 2,1-12). Mediante o Sacramento da reconciliação, o Pai nos concede em Cristo seu perdão e isto nos impulsiona a viver na caridade, considerando o outro não como um inimigo, e sim como um irmão. O perdão e a reconciliação sacramental são imprescindíveis para levar a cabo uma real renovação pessoal e social. Isto vale nas relações interpessoais, mas também nas relações entre as comunidades. O amor de Deus encontra sua mais alta expressão quando o homem, pecador e ingrato, é readmitido a plena comunhão com Deus, com os outros e consigo mesmo. Por isso, devemos criar na paróquia momentos para que as pessoas se sintam motivadas e tenha a oportunidade de se confessarem com o padre.

A quaresma é o tempo privilegiado para a prática da caridade fraterna. A Quaresma é o tempo propício para a missão, para a evangelização! Por isso com a celebração da Quaresma inicia-se a Campanha da Fraternidade. Todos os anos durante o período quaresmal a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) realiza a Campanha da Fraternidade, que tem por objetivo despertar a solidariedade de seus fiéis e de toda a sociedade em relação a um problema concreto que envolve toda a nação, buscando uma solução para o mesmo. Para o ano de 2012, a CNBB sugeriu o tema "Fraternidade e Saúde Pública" e o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra!" (Cf. Eclo, 38,8). A Campanha da Fraternidade deste ano nos leva a um compromisso com a vida em sua totalidade conforme as palavras de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundancia” (Jo 10,10). Observamos muitos avanços no campo da medicina, mas infelizmente todo o sistema da saúde é ainda precário: Morre-se antes de nascer e se morre antes de morrer! O Objetivo Geral da Campanha da Fraternidade de 2012 é: "Refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção dos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde" (p. 12 do Texto-Base). A Campanha da Fraternidade não deve ser refletida somente no tempo da quaresma, ela deve se estender em nossas práticas diárias o ano todo e pelo resto de nossas vidas. Além do Objetivo Geral a Campanha da Fraternidade para 2012 apresenta seis objetivos específicos. Estes são: "1.) Disseminar o conceito de bem viver e a prática de hábitos de vida saudável; 2) Sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas necessidades e a integração na comunidade; 3) Alertar para a importância da organização da Pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe; 4) Difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como sua estreita relação com os aspectos sócio-culturais de nossa sociedade; 5) Despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento; e 6) Qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde" (cf. p. 12 do Texto-Base da CF).

O Estado tem que melhorar o seu atendimento aos cidadãos e não entregar a questão da saúde na iniciativa privada. Saúde é direito constitucional de cada brasileiro. Precisa investir mais no saneamento básico, no atendimento melhor do SUS, na prevenção. Precisamos, nas nossas paróquias, assumir as iniciativas concretas: visita aos doentes nas famílias e nos hospitais, fundar a Pastoral da Saúde onde ainda não existe e reforçar onde já funciona. “A fé sem obras é morta” (Tg 2,26). Devemos lembrar ainda que esta Campanha deve nos ajudar a sermos mais solidários com os outros, assumindo a atitude do Bom Samaritano que ver, se aproxima e se compadece, cura, coloca no seu próprio animal, leva para a hospedaria e cuida daquele que estava caído ao chão, sofrido e enfermo. Pois, o Bom Samaritano é todo aquele homem ou mulher que se detém junto ao sofrimento de seu semelhante, seja qual for o seu sofrimento. Sensível ao sofrimento de outrem, sendo presença-serviço na vida daquele que sofre e clama por cuidados, solidariedade e compaixão. Motivar os grupos e pastorais a mobilizarem o povo para momentos juntos de reflexão, oração, penitência, celebrações, retiros espirituais, visitas e acompanhamento às pessoas que se encontram doentes e necessitando de alguma assistência tanto na cidade quanto na zona rural, gerando um compromisso cristão e social. Neste período é importante também dar atenção especial ao Sacramento da Unção dos Enfermos que é ápice em favor e ao serviço dos irmãos enfermos da comunidade, comprometendo a todos na vida da Igreja. Precisamos nas visitas aos enfermos enfatizar a figura de Maria, Mãe das dores e dos aflitos, Senhora da saúde e dos enfermos, aquela que sempre demonstrou especial solicitude para com os sofredores.

A abertura da Campanha da Fraternidade não pode resumi-se apenas à missa da Quarta-feira de Cinzas, mas deve ser um momento para chamar a atenção e convidar a sociedade para uma boa e saudável reflexão em relação a este assunto, através da mídia local (radio, TV, vozes, e carros de propaganda volante). Para isso é importante que nossos agentes estejam preparados, e tenham feito estudos sobre o assunto que envolve a temática da Campanha. Seria propicio convidar as entidades e organismos da sociedade para um seminário ou debate sobre o tema da saúde no município. Poderiam também ser realizadas palestras nas escolas da rede publica e também nas Universidades presentes em algumas localidades.
Sabemos que em nossas cidades já funcionam os Conselhos Municipais de Saúde, nos quais nossas paróquias já estão envolvidas; certamente, a partir desta iniciativa já haverá um caminho a ser traçado para o futuro da Pastoral da Saúde.

Na Campanha da Fraternidade o gesto concreto se revela na Coleta da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos, por isso a mesma deve receber uma motivação mais plausível como fruto de reflexão, jejum, abstinência e solidariedade vivenciada neste tempo quaresmal. Todos sabem que 60% do arrecadado fica no fundo diocesano de solidariedade e 40% é encaminhado para o fundo nacional e que pode retornar um dia para as paróquias através de seus projetos. Basta para tanto formar uma equipe que possa se responsabilizar por isso. 

Temos muito trabalho pela frente e contamos com cada um de vocês! Quero lembrar que em 2012 teremos eleições municipais em todo o país, portanto a saúde se tornará ponto de discussão obrigatória para todos os candidatos e as nossas comunidades.

Agradeço a todos quantos - sacerdotes, religiosos/as, numerosos leigos – que prestam nos quatro cantos da Prelazia de Coari (AM) o testemunho de fé e de caridade. O mundo espera dos cristãos, de nós católicos, um testemunho coerente de comunhão e de solidariedade.

Jesus Ressuscitado disse: "Eu estarei convosco até ao fim do mundo" (Mt 28, 16-20). Estas palavras de Jesus asseguram-nos que não estamos sozinhos ao anunciar e viver o evangelho da caridade. Também nesta Quaresma do ano 2012, Ele nos convida a voltar para o Pai, que nos espera de braços abertos, para nos transformar em sinais vivos e eficazes do seu amor misericordioso na construção do mundo mais justo, mas fraterno e mais humano.

Que Maria, Mãe da Igreja e Mãe do Belo Amor e da Esperança, seja guia e apoio neste nosso itinerário quaresmal na Prelazia de Coari (AM). A todos incluo com afeto na minha oração, enquanto de bom grado concedo a cada um uma especial benção episcopal.

Coari - AM, 16 de fevereiro de 2012
+ Marcos Piatek, CSsR
                                                          Bispo da Prelazia de Coari (AM)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012


 Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.
1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.
O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.
2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.
O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).
3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 3 de Novembro de 2011
BENEDICTUS PP. XVI